sexta-feira, 15 de maio de 2009

"We forward in this generation triumphantly"

Por Leticia Born

Ali estava uma multidão trajada de vermelho, dourado/amarelo e verde. Todos pareciam contentes, felizes e extasiados de compartilharem um interesse em comum: o reggae. Para essa tribo, o “rei” é Bob Marley. Shows desse estilo musical são recorrentes, mas esse evento era especial. Para a tribo dos regueiros, aquela noite representava um resgate à história da maior banda de reggae de todos os tempos: The Wailers - sim, a banda por trás do “rei” Bob nos tempos memoráveis. Todos ali compartilhavam da mesma vibração, e diga-se de passagem, também dos mesmos trejeitos: roupas mais largas e despojadas, referências ao “rei” e à Jamaica nos braços, cabelos, camisetas e gorros.


Bob Marley and The Wailers: ícones para os regueiros

No dia a dia, se deparar com um regueiro de verdade é comum, e aprendi que deve-se tomar cuidado para não confundir este com aquele que somente veste-se à la Bob Marley, mas não sabe nada do rastafarianismo – movimento religioso que proclama Haile Selassie I, imperador da Etiopia, como a representação de Jah (Deus) na terra, e que surgiu nos anos 30 na Jamaica. Afinal, se você é regueiro de verdade e obviamente, possui admiração por Bob Marley, tem que saber das origens de suas convicções, certo? Não são só as roupas que fazem dessa tribo ser o que é.

O "rei"

E o show começou. A sensação que se tinha é que haviam colocado um cd do Bob para tocar, tal era parecida a voz do cantor substituto com a do “rei”. Ah, para aqueles que não sabem: sim, Bob Marley já não está mais entre nós, reles mortais. Mas para a tribo dos regueiros, o “rei” permanece, e continua contagiando os corações e mentes de muita gente. O show foi uma forte confirmação da figura histórica que Bob é e de toda a influência que ele deixou na música mundial.

Reparei que muitos fechavam os olhos, se deixavam levar por aquele ritmo seqüencial, marcante do reggae, talvez imaginando como teria sido conhecer o “rei”. Mas a constante “fumaça” desagradou. E aí entra outra questão polêmica: sim, o uso da ganja ou maconha, para os leigos, é vista como atitude sacramental pelos rastafáris. Mas no Brasil, e talvez no resto do mundo, aos olhos dos que não fazem parte dessa tribo, ser regueiro virou sinônimo de “maconheiro”, o que mostra uma completa desvirtuação dos valores da filosofia rastafári.

Ao acabar o show, saí realizada, mas com milhões de pensamentos desconexos na cabeça. Entender essa tribo parece fácil, mas não é. Existe muita história, sentimento e identificação dentro dessa tribo, que hoje em dia, é vista com preconceitos, mas que por outro lado, também é capaz de gerar muitos outros, já que se caracteriza por preservar uma cultura e religião totalmente diferentes do que a maioria preserva e enxerga como aceitável. Mais uma tribo incrível.
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Um comentário:

  1. antes de falar do post, a primeira foto tá animal! :D curti
    o Reggae começou muito bem, como rap,com letras inteligentes e que falavam dos problemas e retratavam a vida do pessoal do reggae!
    Pena que hj em dia virou mais uma coisa banal, pelo menos no Brasil, pq não acompanho fora!
    mas é uma tribo bem admirávele independente
    belo post
    bjos!

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